Conversas deprimentes.
Caros ouvintes: sabem qual é o tipo de conversas mais deprimentes que se podem ouvir??? sabem?? ein??!! digo, desde já, que nem as de futebol (tipo benfiquistas a falar do FCP vai-não vai à liga dos campeões; sim, porque para eles não é bem se o Benfica lá vai, é mais se o FCP lá não vai) nem as de política (tipo ministro Jaime Silva sai-não sai do ministério da agricultura, do desenvolvimento (??!!) rural e das pescas) e muito menos da justiça (tipo bastonário à bastonada a torto e a direito (hajam mais uns quantos assim) ou mesmo réus à bastonada a torto e a direito - bem, aqui o "a direito" é no verdadeiro sentido da palavra!) não! nada disso é mais deprimente que.... ouvir duas mulheres acabadas de serem mães, a falarem uma com a outra!
Dirigi-me eu à CGD para fazer um depósito na conta do tribunal de trabalho, referente ao pagamento de uma coima (eta palavrinha mais deprimente) com um estado de espírito que...enfim, já estão a imaginar; chegando lá, e como era dia de pagamento das pensões ao ditos merecedores lá me coloquei a um canto, à espera que chamassem o número 387; vá lá que já ia no 366; mais meia horita, mentalizei-me eu!
Estava tudo a correr tão bem, entretido com os jogos do telemóvel, quando, surgidas não sei de onde, duas senhoras a picarem-se uma com a outra a empurrar os seus queridos rebentos nos respectivos carros ...até "estacionarem" ao meu lado; e começam (ou continuavam, não sei bem):
- pois é - dizia uma - o meu nasceu com 40 semanas certinhas, pesava 3 kilos e 529 gramas e media 53 centímetros vírgula 4.
Ao que rebate a outra:
- pois, o meu nasceu com 38 semanas e 3 dias, pesava 3 kilos e 396 gramas e media 52 vírgula 3 centímetros. E nasceu às 11 horas 24 minutos da noite; lembro-me perfeitamente de tudo.
Ataca a primeira:
- mas sabes, eu tive uma gravidez muito difícil; andava sempre enjoada. Qualquer cheiro me fazia enjoos ; vomitava por tudo e por nada.
Manda-se a segunda:
- e eu?? nem queiras saber; tive uma gravidez de risco; aliás... de alto risco mesmo: passei quase o tempo todo de gravidez deitada, para não descolar a placenta.
- Mas, graças a Deus, correu tudo bem, apesar da recuperação que demorou um bocado de tempo e custou-me muito: tiveram que me rasgar;levei pra cima de 15 pontos.
- Ai eu não; graças a Deus não levei pontos; mas do meu primeiro sim, também levei uns quantos; sei como isso custa. Olha lá: e leite? tens? amamentas?
- Claro. Tenho leite, até demais; costumo até tira-lo com uma bomba que comprei, porque ele não consegue esvaziar o peito.
- Tens mais sorte que eu; o meu secou-me ao fim de 4 semanas; agora dou-lhe um que compro na farmácia, que é muito bom: foi o pediatra, que é um excelente médico, muito conceituado, amigo do meu irmão, que o receitou; e ele dá-se muito bem com o leite. Ao princípio estranhou, como é normal; mas agora, não! bebe-o todo!
- Sabes que o amamentar, faz-nos recuperar a forma mais rapidamente: eu já tenho quase o peso que tinha dantes.
- Pois, é verdade. Eu não; engordei muito com a gravidez: 15 kilos e 400 gramas e ainda não consegui recuperar o peso que tinha dantes.
- Sabes que o meu marido até me diz que eu agora fiquei melhor? que estou assim mais...
TREZENTOS E OITENTA E SETE BALCÃO NÚMERO QUATRO
Graças a Deus - suspirei! chegou a minha vez.
Portanto, caros ouvintes: se estiverem em qualquer lado, e virem uma mulher a empurrar um carrinho de bébé, já sabem: fujam para o mais longe que puderem; não é que uma só seja um perigo; mas é uma ameaça porque elas devem ter algum magnetismo que atrai as outras em iguais circunstâncias e...... lá vai conversa à volta do seu tema preferido: a gravidez e seus efeitos colaterais.
Fiquem... que eu também!
